Você já deve ter notado que alguns receituários médicos trazem códigos numéricos no lugar do nome completo da doença. Esses códigos pertencem à Classificação Internacional de Doenças (CID), que atualmente está na sua 11ª versão, a CID-11, lançada oficialmente pela OMS para substituir a CID-10.
A CID foi desenvolvida com o objetivo de padronizar a identificação e a classificação de doenças, sintomas, sinais clínicos, causas externas e outras condições relacionadas à saúde.
Criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ela permite uma comunicação mais clara e eficiente entre profissionais, instituições e sistemas de saúde, promovendo a integração global, o monitoramento de dados epidemiológicos e a formulação de políticas públicas mais eficazes.
A CID é usada constantemente na rotina dos profissionais da saúde. Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, diz que a CID é um produto do qual a OMS realmente se orgulha:
“Ela nos permite entender muito sobre o que faz as pessoas adoecerem e morrerem e agir para evitar sofrimento e salvar vidas.”
A CID-11 é uma nova versão que traz avanços significativos, incluindo uma estrutura mais digital e flexível, maior detalhamento clínico e melhor alinhamento com os sistemas eletrônicos de prontuário.
A utilização da CID torna a área da saúde ainda mais integrada, organizada e eficaz ao permitir o registro mais preciso das condições de saúde e o compartilhamento padronizado de informações clínicas. Isso facilita desde o atendimento individual até o planejamento estratégico em saúde pública e a pesquisa científica em escala global.
Qual o significado da CID e sua importância?
A CID é um sistema desenvolvido pela OMS com o objetivo de padronizar a codificação de doenças, sintomas, causas externas e outras condições de saúde. Essa padronização facilita a comunicação entre profissionais e instituições da área médica, além de apoiar a coleta de dados estatísticos e o planejamento de políticas públicas em saúde.
Atualmente, a versão mais utilizada no Brasil é a CID-10, publicada em 1992 e atualizada pela OMS em 2019. Essa versão utiliza uma combinação de uma letra seguida por três números para representar doenças, sintomas e outras condições clínicas de forma padronizada. O uso desse código permite uma identificação precisa e abrangente de todas as condições conhecidas pela medicina, incluindo queixas dos pacientes, alterações fisiológicas e aspectos sociais relacionados à saúde.
No entanto, a OMS já lançou a nova versão da classificação: a CID-11, que traz inovações importantes, como uma estrutura mais moderna e adaptada ao ambiente digital, maior detalhamento clínico e melhor integração com sistemas eletrônicos de saúde. A tradução oficial da CID-11 para o português já está disponível no site da OMS e continua passando por revisões frequentes, acompanhando as atualizações da própria classificação.
No Brasil, a transição para a CID-11 será feita de forma gradual. Até 2027, continuará sendo utilizada a versão atual da CID-10, enquanto ocorrem as etapas preparatórias para a implementação completa da nova versão. Esse processo inclui testes de campo, capacitação de profissionais da saúde e adaptação dos sistemas tecnológicos. A previsão é que a adoção total da CID-11 tenha início a partir de janeiro de 2027.
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Objetivos da CID
A Classificação Internacional de Doenças possibilita a padronização na nomenclatura das enfermidades, permitindo uma comunicação efetiva entre profissionais de saúde.
Isso ajuda a evitar ambiguidades, que poderiam ser prejudiciais ao paciente, por exemplo.
Essa padronização permite uma comunicação mais clara e eficiente com órgãos governamentais, como a Previdência Social, que concede benefícios como o auxílio doença em função de algumas enfermidades.
O médico também pode usar a CID 10 para encobrir o nome específico da doença a pedido do paciente, por exemplo, com o objetivo de evitar situações desconfortáveis ou até mesmo discriminação.
Além disso, o nome de uma doença pode mudar de um país para outro, de acordo com o idioma, o que pode causar confusão na hora da tradução. Assim, a CID evita mais esse inconveniente.
Utilização em atestados
Um atestado médico sem CID pode ser recusado?
De acordo com a resolução 1658/2002 do CFM, a CID só deve estar no documento caso o paciente tenha autorizado, e essa autorização deve estar contida expressamente no atestado.
Portanto, em atestados médicos não é obrigatório que o código da CID 10 ou CID 11 estejam presentes.
CID em guias médicas e procedimentos de reembolso
Desde 2007 a resolução nº 1.819 do CFM (Conselho Federal de Medicina), determina que a CID não deve ser utilizada em guias para procedimentos médicos, assim como não é permitida a identificação do diagnóstico no atestado.
A resolução estabelece que devido ao direito inalienável ao sigilo da relação médico e paciente, o convênio médico não pode exigir que a CID seja especificada em guias médicas e procedimentos de reembolso.
Uso da CID 10 em pesquisas
Por facilitar a identificação de doenças, o uso da CID torna mais fácil a realização de pesquisas sobre a incidência de determinado problema de saúde em um local, ou em um grupo específico de pessoas.
Por meio dela, é possível ser mais preciso em calcular a taxa de morbidade — quantidade proporcional de pessoas que desenvolvem uma enfermidade em uma determinada população — ou mesmo a taxa de mortalidade referente a uma doença.
O levantamento estatístico é importante, tanto para identificar fatores externos que contribuem para o surgimento de epidemias e endemias, quanto para orientar governos e entidades a tomarem medidas educativas, preventivas e de combate, direcionadas a determinadas doenças com maior incidência.
Os códigos da CID 10 e suas classificações
Cada capítulo da CID 10 descreve um grupo de doenças semelhantes, ou causadas pelo mesmo fator.
Dessa forma, os códigos podem ser usados de forma mais eficiente e intuitiva, por conta da lógica usada para desenvolver e classificar as enfermidades.
Confira a seguir os grupos de códigos da CID 10:
- Algumas doenças infecciosas e parasitárias (A00 – B99)
- Neoplasias [tumores] (C00 – D48)
- Doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos e alguns transtornos imunitários (D50 – D89)
- Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas (E00 – E90)
- Transtornos mentais e comportamentais (F00 – F99)
- Doenças do sistema nervoso (G00 – G99)
- Doenças do olho e anexos (H00 – H59)
- Doenças do ouvido e da apófise mastóide (H60 – H95)
- Doenças do aparelho circulatório (I00 – I99)
- Doenças do aparelho respiratório (J00 – J99)
- Doenças do aparelho digestivo (K00 – K93)
- Doenças da pele e do tecido subcutâneo (L00 – L99)
- Doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo (M00 – M99)
- Doenças do aparelho geniturinário (N00 – N99)
- Gravidez, parto e puerpério (O00 – O99)
- Algumas afecções originadas no período perinatal (P00 – P96)
- Malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (Q00 – Q99)
- Sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte (R00 – R99)
- Lesões, envenenamento e algumas outras consequências de causas externas (S00 – T98)
- Causas externas de morbidade e de mortalidade (V01 – Y98)
- Fatores que influenciam o estado de saúde e o contato com os serviços de saúde (Z00 – Z99)
- Códigos para propósitos especiais (U04 – U99)
O que muda com a CID 11?
A CID 11, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde, marca um avanço decisivo na forma como doenças e condições de saúde são classificadas globalmente.
Além de ser completamente digital e de fácil integração com sistemas eletrônicos, a nova versão se destaca especialmente pela inclusão de diversas categorias que não existiam na CID 10, refletindo a evolução da prática médica e das necessidades contemporâneas em saúde.
Entre as principais adições estão condições como a síndrome de burnout, agora reconhecida como um fenômeno relacionado ao trabalho; o transtorno por uso de videogames, listado entre os distúrbios comportamentais; e um sistema aprimorado para classificar a resistência antimicrobiana, fundamental para enfrentar desafios globais de saúde pública.
A CID 11 também amplia significativamente a descrição de doenças raras, condições genéticas, dor crônica e transtornos de saúde mental, oferecendo mais precisão diagnóstica e respaldo científico.
Vale dizer que alguns softwares médicos, como o iClinic, permitem que os diagnósticos dos pacientes sejam realizados de forma automatizada tanto pelo nome quanto pelo código da doença diretamente por meio do sistema.
Ainda, aplicativos como o Whitebook também permitem a consulta rápida e descomplicada aos códigos da CID. Assim, médicos, residentes, estudantes e outros profissionais podem pesquisar doenças pelo nome ou sintoma e encontrar imediatamente o código correspondente, facilitando a documentação correta em prontuários, receitas e laudos.
Quando a CID 11 entrou em vigor?
A CID 11 foi apresentada em maio de 2019 durante a AMS (Assembleia Mundial da Saúde) para os Estados Membros, e entrou em vigor em 1º de janeiro de 2022.
A 11ª versão foi desenvolvida para facilitar o uso em diferentes idiomas, com a plataforma de tradução central que garante a preservação das características e resultados para as línguas traduzidas.
A OMS já confirmou que apoiará os países durante a nova implementação no uso da CID 11.
“Pela primeira vez, é completamente eletrônica e possui um formato que facilita seu uso. Houve um envolvimento sem precedentes de profissionais de saúde, que se juntaram em reuniões colaborativas e submeteram propostas.”, diz Tedros Adhanom, segundo conteúdo da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde).
Mas afinal, por que a CID 11 será completamente eletrônica? Quais benefícios a tecnologia pode trazer para sua rotina médica? Confira este artigo e descubra como a tecnologia traz mais eficiência.
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