Começar sua carreira, constituir uma nova sociedade ou simplesmente mudar sua clínica de endereço. Tem vários motivos para pensar em um novo espaço para seu consultório.
É neste momento que você vai precisar contar com o expertise de um arquiteto para garantir que sua clínica atenda a todas as regulamentações pertinentes, fique funcional, acolhedora, com a sua cara e ainda fique pronta o mais rápido possível.
Como escolher o profissional
Mas como escolher um bom arquiteto?
A escolha do arquiteto não difere muito da escolha de um médico ou um dentista. Em geral o que mais funciona são as indicações (ou contra-indicações) de colegas que já passaram pela experiência.
Dentre as indicações, tenha apenas o cuidado de verificar se o profissional tem familiaridade e experiência com arquitetura para a saúde (ou arquitetura hospitalar), pois há muitos detalhes bem específicos para essa área.
Um profissional muito bom, mas sem conhecimentos específicos, poderá atrasar sua obra por idas e voltas com órgãos fiscalizadores como a Vigilância Sanitária.
Não fique constrangido em consultar ex-clientes de cada um para saber como foi a experiência. Eles fariam o mesmo ao escolher você para um tratamento ou cirurgia.
Para saber como escolher o papel de parede ideal para seu consultório, clique aqui.
Compare
Exceto se você realmente se encantar por um profissional, recomendo fortemente que entre em contato com pelo menos três arquitetos e peça propostas.
Compare as propostas, não apenas no preço, mas também em outros componentes importantes deste documento, inclusive etapas anteriores a ele. Veja:
– Antes do orçamento
Para propor os serviços que você precisa, o arquiteto vai pedir uma série de informações para entender suas necessidades e também as condições em que ele prestaria seus serviços a você. Uma espécie de anamnese.
Se ele não cuidar bem dessa etapa, poderá propor um escopo de serviços ou prazos que depois não vão cumprir com suas necessidades e expectativas.
Isso poderá atrapalhar o cronograma de implantação da clínica ou, pior, gerar conflitos entre você e seu arquiteto ao longo do projeto e da obra.
– O que o arquiteto precisa saber
Observe o cuidado do profissional nessa etapa de coleta de informações. Ele precisa conhecer a situação da clínica, por isso deve fazer perguntas importantes, por exemplo:
• Quais atividades serão desenvolvidas na clínica? Haverá coleta de exames em laboratório parceiro? Haverá esterilização de materiais ou será externa? Haverá separação de resíduos recicláveis? E o enxoval, será todo descartável? Etc.
• Em caso de clínicas em edifícios comerciais: quais são as normas internas do condomínio? Há limitações de horários e trânsito de materiais e maquinários durante a obra?
• Em caso de reforma de um imóvel, ele deve querer conhecer o imóvel pessoalmente, para conferir as condições em que se encontra e o tipo de estrutura para entender sua flexibilidade para alterações, etc.
Propostas
Ao receber as propostas, verifique que elas contenham, pelo menos, as seguintes informações:
Escopo
O escopo é uma espécie de lista dos serviços que serão fornecidos. Por exemplo:
• Quantas reuniões com o cliente,
• Se for reforma, o levantamento cadastral da edificação, que é o desenho dela como está antes da reforma,
• Imagens 3D,
• Se inclui projeto das marcenarias (móveis a serem confeccionados sob medida),
• Iluminação,
• Visitas à obra.
Etapas
Em geral, todos os projetos arquitetônicos, ainda que sejam apenas de interiores, seguem mais ou menos o mesmo roteiro, e o pagamento das parcelas costuma ser atrelado à conclusão de cada etapa:
• Estudo preliminar: quando a planta básica é definida, com a divisão dos ambientes e circulações.
• Anteprojeto: quando já aparecem as peças sanitárias, algo de mobiliário (que a gente chama de layout), abertura de portas e janelas.
• Projeto legal (ou para aprovação): quando a evolução do projeto para um pouquinho para preparar os desenhos que serão apresentados à Prefeitura, Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros e demais órgãos fiscalizadores. Assim, esses processos de aprovação podem começar enquanto é elaborado o Projeto Executivo.
Aliás, todo o processo de aprovação do projeto está incluso na proposta? Seu contador é quem vai fazê-lo? Certifique-se de que esteja claro de quem será essa responsabilidade, pois é uma grande burocracia que certamente precisa ser conduzida por um profissional.
• Projeto Executivo: quando os desenhos vão para a obra e são usados pelos profissionais que vão executar a montagem da clínica. Também com esses desenhos é elaborada a planilha de quantificação e especificação dos materiais que serão usados.
• Projetos complementares: são os projetos de instalações elétricas, hidráulicas, cálculo de estruturas, etc. Geralmente elaborados por engenheiros, que você pode contratar diretamente ou parceiros que seu arquiteto já está acostumado a trabalhar, o que costuma acelerar bastante o processo.
Dica: se o seu arquiteto já tem parceiros para esses projetos, você pode pedir para ele incluir na proposta inicial. Assim você poderá prever seus custos e prazos com projetos e se planejar melhor.
Revisões e ajustes
Não é raro que você peça algumas alterações e ajustes quando receber o estudo preliminar e depois no anteprojeto.
Aliás, recomendo que só aprove o anteprojeto quando tiver certeza, pois fazer alterações no projeto legal ou no executivo vai complicar muito as coisas, atrasar a implantação da clínica e seu arquiteto poderá cobrar em separado.
Por isso é sempre bom já ficar claro na proposta: quantas revisões estarão inclusas no preço e nos prazos?
Prazos e preços
Imprescindível. Este item deve apresentar os prazos máximos para entrega de cada etapa. Poderá ser em dias úteis ou corridos e incluir condições, por exemplo, se o prazo vai se alterar se houver revisões ou se o prazo vai começar a ser contado a partir de ações suas (como aprovar por escrito a etapa anterior).
Quanto mais esclarecidos forem os preços e formas de pagamento, melhor. Afinal, combinado não sai caro!
Dica extra: as propostas costumam ser feitas sobre um template, até para manter um padrão. Mas vejo muitos colegas elaborando as propostas com pressa, esquecendo de conferir detalhes, como a sequência numérica dos itens ou a repetição de especificações. Parece preciosismo, eu sei. Mas se você parar para pensar: se o profissional não teve esse cuidado com o que apresenta a você num momento em que quer te “conquistar”, será que vai ter cuidado com o projeto depois que a contratação estiver garantida?
Comparando as propostas
Provavelmente você já sabe o que vou dizer: só se podem comparar preços de laranjas com laranjas. Como estão os escopos? São iguais? Incluem os mesmos serviços? Se a resposta for “não”, então não será seguro escolher pelo preço, não é mesmo?
Se você ficar muito indeciso entre dois profissionais, não hesite em pedir que alterem os escopos, incluindo ou excluindo itens, de forma a que fiquem iguais.
Veja como a decoração afeta seus pacientes. Leia este artigo.
Sobre o autor:
Arquiteta Ellen Hardy, pós-graduada em Administração Hospitalar, se realiza profissionalmente ajudando hospitais e clínicas a incrementarem a funcionalidade, o humanismo e a sustentabilidade de seus edifícios.
Espero que as dicas da Ellen Hardy tenham te ajudado. Leia agora nosso eBook de Arquitetura e Decoração para clínicas e fique por dentro de tudo que precisa para deixar seu consultório perfeito!